domingo, 18 de novembro de 2012

Último olhar




O OLHAR
O último olhar do condenado não é nublado
sentimentalmente por lágrimas
nem iludido por visões quiméricas.
O último olhar do condenado é nítido como uma fotografia:
vê até a pequenina formiga que sobe acaso pelo rude braço do verdugo,
vê o frêmito da última folha no alto daquela árvore, além...
Ao olhar do condenado nada escapa, como ao olhar de Deus
- um porque é eterno,
o outro porque vai morrer.
O olhar do poeta é como o olhar de um condenado...
como o olhar de Deus...
                                     
 Mário Quintana                       
 poema do livro Báu de Espanto

2 comentários:

PLINIO MÓSCA TEATRO BRASIL disse...

Belas fotos e lindo o poema do Quintana.
Parabéns!
Plínio Mósca
diretor e professor de teatro
pliniomosca@gmail.com

margela arnold disse...

Obrigado pelo comentário Plínio.
Abraço.