O
consolo da função da arte não está na compreensão, nem no
adestramento artístico, nem adestramento formal. Estas atitudes que a arte
contemporânea tráz funcionam como interruptores da percepção da sensibilidade,
do entendimento. Funcionam como um descaminho do que é conhecido. Diferente de
certo consolo que se busca nas artes.
Nietzsche e os “homens sérios”: a arte
não é um divertido acessório, não é um tintinar de guizos que se pode dispensar
diante da seriedade da existência. A arte apolíneo-dionisíaca assume (e não
esconde) a tragicidade da existência, que só se justificaria como fenômeno
estético. A arte não serve para consolar, confortar, acalmar as vontades, mas
pelo contrário. Esse interruptor de percepção da arte não é
elevar-se espiritualmente. A formação estética que podemos pensar a partir de
um ideal é de outra ordem, que não tem uma moral, uma finalidade moral nos
esperando para nos confortar, um thelos definido, onde pretendo chegar.
As
ideias aqui expostas são tentativas de excitar a desconfiança dos modelos
instituídos, que há muito tempo estão falidos. Modelo de “sensatez pedagógica escolarizada”
(Jódar, Gomez, 2004). “O cenário de uma máquina conservadora de repetições e
recorrências”, uma “máquina produtora
de sensatez mais do que sensibilidades” ou produtora de
uma sensibilidade que “fabrica juízes mais do que fazer possível a criação de
artistas” (Obregón, 2007).
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